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Lendo e Relendo leva alunos de três cidades ao Conta Dinheiro

26 escolas, 5.865 estudantes do ensino fundamental (1ª a 8ª série), 213 prestadores de serviços e voluntários e aproximadamente 580 pessoas, entre apoiadores das próprias escolas (alunos a partir de 14 anos), professores e pais voluntários, além da equipe do programa Lendo e Relendo, do Instituto José Paschoal Baggio, que desenvolve as ações sociais do Correio Lageano, lotaram o Parque de Exposições Conta Dinheiro, gentilmente cedido pelo Sindicato Rural de Lages no sábado, para a 5ª edição do "Lendo e Relendo no Parque".
Brincando e se divertindo alunos de escolas de Lages, Correia Pinto e Otacílio Costa, a maioria deles da rede pública de ensino, tiveram acesso à cultura, puderam vencer medos e superar seus limites, ler, dançar, cantar e ainda aprender mais sobre temas que podem ajudá-los no dia-a-dia, como primeiros socorros, e contribuir para o futuro melhor de toda a sociedade em longo prazo, como a preservação do meio ambiente e o trabalho voluntário.
A programação iniciou às 13 horas, mas antes disso, vários ônibus lotados já estavam em frente ao parque. Eles foram disponibilizados por empresas e instituições, como Madepar, Transul, 10º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC), Reunidas e Nevatur, que garantiram não só o deslocamento entre o Conta Dinheiro e as comunidades ou municípios vizinhos, mas também ensinaram a primeira lição do dia: que voluntariado é organizado e pode servir a centenas de pessoas ao mesmo tempo.
Ansiosos, os alunos se organizaram para cumprir uma tarefa que começaram executar vários dias antes do tão esperado sábado. Para ter acesso ao evento eles tinham que apresentar uma garrafa pet. Para surpresa de todos eles chegavam ao parque carregando sacolas cheias de embalagens plásticas e também de alumínio.
O técnico digital Marcelo Pucci Reis, pai da aluna da Escola Raios de Sol, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Helen Borges, de sete anos, disse que a menina reuniu latinhas de refrigerante durante toda a semana passada. Para o pai, a cobrança de uma embalagem reciclável como entrada no evento é na verdade um bom estímulo. "Isso está incentivando eles à reciclagem ou pelo menos a dar um destino correto ao lixo. Acho que é louvável", afirmou Reis.
A coordenadora da Coopercicla, cooperativa de reciclagem de Lages (parceira do evento), Luciana Capistrano, ficou satisfeita com o resultado da ação. "Eles tinham que trazer no mínimo uma pet ou uma latinha, mas estão trazendo uma sacolinha (cheia). Isso é interessantíssimo. É por onde tem que começar mesmo, pelas escolas", elogiou Luciana ao revelar que a expectativa era de recolher mais de três mil embalagens de pet. Só que a coleta terminou com 3.650 unidades de pet, 62 latinhas de refrigerante e pelo menos 40 quilos de embalagens de cachorro-quente e de pipoca e copos descartáveis.
A coordenadora do Lendo e Relendo, Edite Moraes, destaca que a cada edição o evento está mais organizado e mantém parcerias fiéis. Este ano, foram 40 colaboradores entre órgãos públicos, privados e instituições. "A cada ano que passa nós vamos tendo mais experiência. É um evento que só tem agregado valor de educação, valor social e, este ano, valor ambiental porque o ingresso é um reciclável", avalia Edite.
Para a coordenadora o sucesso que o Lendo e Relendo no Parque tem atingido é resultado do empenho de todos os envolvidos. Dos motoristas dos ônibus que transportam os estudantes até os pais que se dispõem a também ser voluntários e auxiliar professores no acompanhamento dos alunos que vão ao Conta Dinheiro. Segundo ela, toda esta edição foi organizada para receber o mesmo número de estudantes atendidos no ano passado, 7.200. No entanto, já no início das atividades de sábado acreditava-se que o número desta edição seria superado.
Durante a tarde, as crianças e adolescentes ficaram à vontade para participar de todas as atrações oferecidas no parque. Algumas delas, como as orientações de trânsito da Polícia Militar Rodoviária, tirolesa do grupo de escoteiros e a pista de cordas (falsa baiana) e a ponte de três cordas montadas pelo 10º BEC, chamaram bastante atenção do público, que pôde testar seus limites e experimentar um pouco da adrenalina vivida pelos homens do exército brasileiro.
O aspirante Diego Apulchro revelou que o evento também ajudou o 10º BEC a divulgar suas atividades para a comunidade lageana e a desenvolver o interesse das crianças pelo exército. O batalhão expôs maquinário usado em obras de estradas e portos de Santa Catarina e distribuiu gibis do "Recrutinha", personagem que vive a rotina de "Soldado por um Dia".
A professora Rosângela Vieira de Lima, uma das coordenadoras da Escola Raios de Sol, fez questão de dar um depoimento sobre a mudança de comportamento de um dos alunos da instituição que normalmente participa de atividades com música sem esboçar muita reação, mas surpreendentemente estava dançando durante a apresentação da banda do 6º Batalhão da Polícia Militar, no palco montado dentro do parque. "Fiquei observando e até comentei com a psicóloga sobre o comportamento dele", declarou a professora.
Adriane Mota, que é professora da Escola Municipal Isidoro Marin, que fica no bairro Caroba, contou que a instituição lotou quatro ônibus com alunos para participar do "Lendo e Relendo no Parque". "Para eles isso aqui é a liberdade, porque o mundinho deles é a Isidoro", observou Adriane ao acrescentar que os professores tiveram que acompanhar todas as atividades para se inteirar e conversarem com alunos sobre o evento hoje. "No ano passado ficaram empolgados, falando um monte dos brinquedos, do que eles comeram e ganharam. A gente tem que olhar tudo para depois chegar e conversar com eles".
Weliton Santos Miranda, aluno do 5º ano da Escola Estadual João Paulo I, de Correia Pinto, fez questão de enfrentar a fila para descer a tirolesa. Foi a primeira vez que ele fez isso e logo que colocou os pés de novo em terra firme disse que é a primeira coisa que vai contar para os colegas da escola hoje. "É muito legal", resumiu o garoto.
Já Christian Fernando Batista, aluno do 4º ano da Escola Municipal Ondina Neves Bleyer, do Sagrado Coração de Jesus, acredita que as lições que aprendeu foram outras: "Dividir os brinquedos com os colegas e esperar nas filas. Eram grandes e a gente tem que esperar".